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Fermix Tubos

Rede de drenagem pluvial eficiente pode evitar enchentes

Para minimizar problemas de alagamentos e deslizamentos de encostas nas cidades, o sistema de drenagem pede investimentos e materiais adequados, como as tradicionais peças de concreto, que podem durar até 100 anos.

Sistema que passa despercebido pelos olhos da população, a rede de drenagem pluvial urbana desempenha papel fundamental para o bom funcionamento da cidade, principalmente em períodos com grandes quantidades de chuvas. Minimizar os problemas, como enchentes e deslizamentos de encostas – causados pelo excesso no nível de circulação da água – é a principal função do sistema. Mas, para atingir o resultado esperado, a rede de drenagem pluvial deve ser constituída pelos materiais adequados. “Existem algumas opções para esse sistema, como as tubulações de aço corrugado ou de polietileno corrugado, entre diversos outros materiais alternativos. Entretanto, a solução mais tradicional é o tubo de concreto”, afirma o engenheiro Alírio Brasil Gimenez, diretor Técnico da ABTC – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto.

Gimenez destaca que o tubo de concreto é uma alternativa usual para esse tipo de obra, por apresentar como vantagem a possibilidade de ser utilizado para qualquer nível de carga. “Mesmo que a drenagem seja feita sob via com trânsito intenso de veículos, abaixo de linha férrea ou em uma pista de aeroporto, os tubos de concreto ainda atendem a todos os casos. O material é versátil por ser dimensionado estruturalmente para diversas situações de aplicação”, explica. Quando fabricadas de maneira adequada, as peças de concreto que compõem a rede devem ter expectativa de vida de 100 anos. “Se forem fabricadas seguindo todas as especificações da ABNT NBR 8890 – Tubo de concreto de seção circular para águas pluviais e esgotos sanitários – Requisitos e métodos de ensaio –, terão todas as condições técnicas para ter 100 anos de vida útil”, afirma o engenheiro

DIMENSIONAMENTOS HIDRÁULICO E ESTRUTURAL
A rede de drenagem pluvial urbana exige, basicamente, dois tipos de dimensionamento. Um deles é o hidráulico, estudo que indicará qual é o diâmetro dos dutos a serem utilizados. “Para determinar essa característica, existe uma série de informações técnicas, mas, resumindo, é possível dizer que o diâmetro das tubulações é diretamente proporcional à área de captação da chuva. Por exemplo: quando há uma grande bacia que concentra a precipitação e a encaminha para determinada avenida, a canalização deve ser constituída por tubos de diâmetro capazes de captar toda a água dessa área”, explica Gimenez.
O profissional ressalta a importância do dimensionamento hidráulico, destacando que essa é a questão de maior importância no momento de projetar o sistema. “O estudo deve ser feito de forma correta. Quanto mais impermeabilizado for o terreno, com asfalto e concreto, menor será a quantidade de chuva que infiltra no solo. Isso aumenta a quantidade de água que escoa rapidamente, acumulando nos pontos baixos da cidade”, adverte. O segundo dimensionamento que deve ser feito é o estrutural, ou seja, a definição da classe de resistência mecânica dos tubos. “Entre os itens que interferem, é preciso considerar se haverá trânsito sobre a rede e qual será a profundidade da obra, entre outros”, comenta.

TUBOS DE CONCRETO
Para bem projetar a rede de drenagem do solo também é preciso conhecer os tipos de peças disponíveis no mercado. Os tubos de concreto são fabricados em dois formatos: os de seção circular e os retangulares. O modelo circular normalmente tem diâmetro interno que varia de 20 cm até 2 m. “Existem tubos com diâmetro maior que chegam a até 3 m, porém não são usuais, sendo especificados somente em casos em que há grandes volumes de chuvas”, completa Gimenez. Outra característica dos tubos de seção circular é seu modo de conexão: existem peças com ligação tipo macho e fêmea e outras com sistema ponta e bolsa, sendo esta última a mais comum.
Por sua vez, os elementos retangulares, também chamados de aduelas, têm tamanho inicial de 1 x 1 m e podem chegar até 4,5 x 4,5 m. Já o encaixe deste tipo de tubo acontece através do sistema macho e fêmea. Utilizadas em alguns países da Europa, as peças no formato de cotovelo não existem no Brasil. “Quando a rede precisa mudar de direção, é recomendável a construção de um poço de visita ou de uma caixa morta”, aconselha o engenheiro.

DRENAGEM PLUVIAL X ESGOTO
Dependendo do que é transportado, há diferenças no tipo de tubulação. Em São Paulo, a Sabesp utiliza tubos de PVC ou de aço para água pressurizada e tubos de concreto para captação de esgoto e de água da chuva. A rede de drenagem pluvial funciona pelo escoamento da água através da pressão atmosférica, sem bombeamento. “A água simplesmente sai do ponto mais alto para o mais baixo. Pequenos vazamentos nesse sistema não têm importância tão grande, diferentemente da rede de esgoto sanitário, que, ao apresentar vazamento, exige intervenção rápida, pois o material transportado é altamente agressivo ao meio ambiente, podendo contaminar o subsolo”, esclarece o profissional.
Outra diferença da rede de drenagem pluvial para a de esgoto é o tipo de peças utilizadas. “Para o sistema em concreto de esgoto sanitário são especificados tubos de junta elástica, com anel de borracha em uma das pontas que se conecta na bolsa do outro tubo para fazer o encaixe. Esse anel é comprimido, garantindo a estanqueidade da rede”, detalha o engenheiro.

MANUTENÇÃO E NORMAS TÉCNICAS
Além da ABNT NBR 8890, que regulamenta a fabricação dos tubos de concreto de seção circular, há ainda a ABNT NBR 15396 – Aduelas (galerias celulares) de concreto armado pré-fabricadas – Requisitos e métodos de ensaio – que estabelece os requisitos e métodos de ensaio a serem atendidos na fabricação de aduelas. “Também está em vigor norma que trata especificamente da execução de obras de esgoto utilizando tubos de concreto, é a ABNT NBR 15645 – Execução de Obras de Esgoto e Drenagem com Tubos e Aduelas de Concreto”, detalha Gimenez.

Nas questões estruturais, as redes de drenagem pluvial urbana não necessitam de manutenção. “É preciso somente trabalho de limpeza interna dos tubos, pois o lixo jogado na rua acaba acumulando no interior das galerias quando chove, provocando entupimentos e a paralização do sistema. Se as peças forem de qualidade e a obra for bem executada, a rede só precisará de limpeza”, fala o engenheiro.
Gimenez avalia que, de maneira geral, todas as esferas de governo não aplicam os recursos necessários em drenagem, por serem obras que ficam enterradas e não trazem dividendos políticos. “Muitos problemas de enchentes são causados pela falta de investimento”, conclui.

Colaborou para esta matéria:

Alírio Brasil Gimenez – Graduado em engenharia civil, exerceu o cargo de presidente da ABTC – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos de Concreto – entre 2001 e 2003, e foi vice-presidente até 2007. Atualmente, é o diretor técnico da entidade. Também desempenha a função de coordenador de departamento técnico da empresa Fermix Indústria e Comércio, onde são fabricados tubos e aduelas de concreto simples e armado para captação de águas pluviais, esgoto sanitário e efluentes industriais. A empresa também presta serviços de assessoria em drenagem e execução de galerias e infraestrutura.

 

Fonte: AECweb